O blog "Spes ancora vitae" (A esperança é a âncora da vida) é uma ideia que trago comigo há algum tempo. O objectivo é juntar num blog uma mistura das minhas fotografias, frases famosas, alguns textos meus, músicas e efemérides. No futuro, quem sabe o que poderá ser?...
E quando o leito estiver quase ao pé do tecto E eu olhando para trás, por esta vigia — o quarto todo com os seus armários, E sentindo na alma o movimento da hélice do navio, Verei já tudo ao longe e diferente e frio... As minhas sensações numa cidade amontoada distante E ao fundo, por detrás delas, o universo inteiro, ponte que finda... Fernando Pessoa (Álvaro de Campos - Livro de Versos)
Fernando António Nogueira Pessoa
(Lisboa, 13 de junho de 1888 — Lisboa, 30 de novembro de 1935)
A manhã começa a bater no meu poema. As manhãs, os martelos velozes, as grandes flores líricas. Muita coisa começa a bater contra os muros do meu poema. Escuto um pouco a medo o ruído das gárgulas, o rodopio das rosáceas do meu poema batido pela revelação das coisas. Os finos ramos da cabeça cantam mexidos pelo sangue. Talvez eu enlouqueça à beira desta treva rapidamente transfigurada. Batem nas portas das palavras, sobem as escadas desta intimidade. É como uma casa, é como os pés e as mãos das pessoas invasoras e quentes. Estou deitado no meu poema. Estou universalmente só, deitado de costas, com o nariz que aspira, a boca que emudece, o sexo negro no seu quieto pensamento. Batem, sobem, abrem, fecham, gritam à volta da minha carne que é a complicada carne do poema. Uma inspiração fende lírios na minha testa, fende-os ao meio como os raios fendem as direitas taças de pedra. Eu sorrio e levo pela mão essa criança poderosa, uma visita do sangue cheio de luzes interiores. Acompanho, como tocando uma espécie de paisagem levitante, as palavras pessoas caudas luminosas ascéticas aldeias. É a madrugada e a noite que rolam sobre os telhados do poema. É Deus que rola e a morte e a violenta vida. E o meu coração é um castiçal à beira do povo que até mim separa os espinhos das formas e traz sua pureza aguda e legítima. - Trazem liras nas mãos, trazem nas mãos brutais pequenos cravos de ouro ou peixes delicados de música fria. - Eu enlouqueço com a doçura dos meses vagarosos. O poema dói-me, faz-me feliz e trágico. O povo traz coisas para a sua casa do meu poema. Eu acordo e grito, bato com os martelos dos dias da minha morte a matéria secreta de que é feito o poema. - A manhã começa a colocar o poema na parte mais límpida da vida. E o povo canta-o enquanto se desfaz nos os campos levantados ao cume das seivas. A manhã começa a dispersar o poema na luz incontida do mundo. Herberto Helder (1961) in «Poesia Toda», Assírio & Alvim
A música "Mother Love" consta do último álbum da banda britânica Queen, "Made in Heaven". Freddie Mercury ainda gravou parte do álbum antes de morrer, num estúdio onde estive há dias em Montreux - Suíça. A música foi composta por Brian May e foi a última a ser gravada por Freddie Mercury, em 1991. Tendo o álbum ficado incompleto, devido à morte de Freddie Mercury, foi concluídos pelos 3 membros remanescentes da banda, entre 1993 e 1995. O último verso da música "Mother Love" é cantado por Brian May.
«"Ghosttown" is a song recorded by American singer Madonna for her thirteenth studio album, Rebel Heart (2015). It was released to radio stations on March 13, 2015 as the album's second single. The song was written by Madonna, Jason Evigan, Evan Bogart, and Sean Douglas, and produced by Madonna, Billboard and Evigan. Madonna had listened to Douglas's previous works and had requested studio time with him. Together with the other songwriters, they wrote "Ghosttown" in three days. A pop ballad, the song was inspired by the imagery of a destructed city after armageddon, and how the survivors carry on with their lives, with love being the only thing they can hold onto. Composed as an uplifting track, "Ghosttown" features instrumentation from organ and drums, with minor vocoder effects on Madonna's vocals.» (Wikipedia)
A Fotografia Macro é a fotografia de pequenos seres e objectos ou detalhes que normalmente passam despercebidos no nosso dia-a-dia. Estes, são fotografados no seu tamanho natural ou levemente aumentados através de aproximação da câmara ou fazendo uso de acessórios destinados a este tipo de fotografia. As "macrofotografias" são exibidas em tamanho bastante ampliado para maior impacto visual.
Comemoram-se hoje 125 anos sobre o nascimento de Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de Maio de 1890 - Paris, 26 de Abril de 1916).
7 Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro. Mário de Sá-Carneiro, in 'Indícios de Oiro'
Fez, no dia 14 de Maio, 33 anos que o Papa João Paulo II visitou Vila Viçosa. Eu tinha 5 anos, estava lá às cavalitas de meu Pai e lembro-me perfeitamente.
(Fotografia recebida por email e da qual desconheço o autor)
Bô é coisa mais linda Que já m`oiá na céu de Cabo Verde Padoce de céu azul Que núvem ninhum consegui escondê Já m dzêb êl tcheu vez Ma nunca bô levam a sério Dêss confusão que vida é Bô é únic beleza que ta restam Crêtcheu, crêtcheu Once forever once for all Crêtcheu, crêtcheu Once forever you`re the one Refrão Bô é darling, poesia, riquesa Amor e compreênção Padoce de céu de Verão Qu`incompreênsivelmente caím na nha mon Mar, dam bô compreêncão Quê pa calmam ess nha coração Bô quê nha Deus Bô quê nha mundo
Faz hoje 15 anos que o Papa João Paulo II (Polónia, 18 de Maio de 1920 - Palácio do Vaticano, 2 de Abril de 2005) visitou o Muro das Lamentações em Jerusalém (26 de Março de 2000).
Faz hoje exactamente 20 anos que entrou em vigor o Acordo de Schengen sobre livre circulação de pessoas em alguns países da União Europeia e outros signatários.
"O que é o Acordo de Schengen? Os países que aderiram a este acordo deixaram de efetuar controlos nas suas fronteiras internas e intensificam os controlos nas suas fronteiras externas. Assim, a não ser que haja uma ameaça à segurança, as pessoas originárias de um estado Schengen não podem ser sujeitas a controlos policiais as fronteiras – caso isto aconteça, os cidadãos podem queixar-se à Comissão Europeia.
Já as pessoas de países terceiros que queiram entrar num país do espaço Schengen têm de candidatar-se a um visto que será válido em todos os países que assinaram este acordo. O controlo de fronteiras é assim partilhado entre todos, existindo para esse propósito um Sistema de Informação de Schengen que reforça a cooperação policial, em especial através do direito de perseguição e de vigilância transnacional. Este acordo faz também que as regras de asilo entre os vários países sejam comuns. Quem faz parte de Schengen? Atualmente, o espaço Schengen abrange 26 países europeus: Bélgica, República Checa, Dinamarca, Alemanha, Estónia, Grécia, Espanha, França, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Hungria, Malta, Países Baixos, Áustria, Polónia, Portugal, Eslováquia, Eslovénia, Finlândia e Suécia, assim como a Islândia, o Lichtenstein, a Noruega e a Suíça. 22 destes países são Estados-membros da União Europeia, mas Suíça, Noruega e Islândia, mesmo não fazendo parte dos acordos comunitários, partilham também este espaço.
Quem é que na União Europeia quis ficar de fora do Acordo de Schengen? O Reino Unido e a Irlanda não fazem parte deste espaço, mas participam em alguns aspetos da cooperação como a cooperação policial e judiciária e o Sistema de Informação de Schengen. Isto significa que mantêm o controlo das suas fronteiras, embora os parceiros da União Europeia possam entrar livremente no país sem apresentar passaporte e aí estabelecer-se, tal como está definido no Tratado da União Europeia (TUE), artigo 21.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia – isto significa que mesmo sem Schengen, a livre circulação entre países da União Europeia está garantida. Roménia, Bulgária, Croácia e Chipre estão ainda à espera para poder aceder a este espaço. Quais as principais críticas a Schengen? Os grandes movimentos migratórios motivados pela instabilidade política que levam a vagas de imigração em países próximos das fronteiras europeias, como a Primavera Árabe, a guerra civil na Síria ou as investidas dos imigrantes ilegais africanos em Lampedusa, fazem com que o sistema seja contestado. Muitos destes imigrantes conseguem legalizar-se em países como Itália ou Grécia, ganhando o direito de movimentarem-se livremente dentro do espaço de Schengen, algo que não agrada aos países nórdicos. Para além disto, o problema mais recente tem a ver com o retorno de possíveis terroristas de países como o Iraque ou o Iémen, que são cidadãos de um dos 26 países sem controlo interno de fronteiras, e que regressam ao seu país, para depois perpetrar atos terroristas nos países vizinhos. Como e quando foi estabelecido o Acordo? O acordo começou por ser uma forma reforçada de cooperação entre os governos da Bélgica, Alemanha, França, Luxemburgo e Países Baixos para “uma verdadeira liberdade de circulação dos cidadãos”, numa altura de verdadeira expansão comunitária. O acordo foi assinado em 1985 e durante os anos 90, vários Estados-membros juntaram-se a este entendimento. Em 1999, quando o Tratado de Amesterdão entrou em vigor, o acordo de Schengen foi integrado no acervo das leis europeias. Schengen é uma aldeia no Luxemburgo que faz fronteira com a França e com a Alemanha e foi lá que se assinou a primeira convenção em 1985." (in Observador)
Béla Bartók (Nagyszentmiklós, 25 de março de 1881 – Nova Iorque, 26 de setembro de 1945), compositor, pianista e investigador da música popular da Europa Central e do Leste, faria hoje 134 anos.
Tinha um cravo no meu balcão; veio um rapaz e pediu-mo – mãe, dou-lho ou não? Sentada, bordava um lenço de mão; veio um rapaz e pediu-mo – mãe, dou-lho ou não? Dei um cravo e dei um lenço, só não dei o coração; mas se o rapaz mo pedir – mãe, dou-lho ou não? Eugénio de Andrade
(Imagem retirada do site http://poemasemimgem.blogspot.pt/2010/04/cancao.html)